O ROI da Arquitetura Corporativa

return-on-investmentAntes de implantar uma Arquitetura Corporativa em uma organização, é necessário convencer os executivos a investirem nesta ideia. Para convencê-los, não basta apenas citar os benefícios da Arquitetura Corporativa, conforme já descrito no post: Para que serve a Arquitetura Corporativa e Quais são os seus Benefícios.

Na linguagem dos executivos, o mais importante é o retorno sobre o investimento (em inglês, return on investment ou ROI).

Mas é possível medir o ROI da Arquitetura Corporativa?

Alguns estudos sobre este tema estão sendo realizados e, aparentemente, não há um consenso no mercado sobre como calcular o ROI da Arquitetura Corporativa.

Se é difícil medir o ROI da Arquitetura Corporativa, o que fazer então?

Podemos responder esta pergunta com outra pergunta: qual é o valor, por exemplo, do planejamento estratégico para uma organização?

Acredito que a maioria concorda que o planejamento estratégico possui valor, assim como também concorda que é difícil medi-lo. Isso porque tanto o planejamento estratégico como a Arquitetura Corporativa tem valor indireto. É comum encontrarmos como valor indireto da Arquitetura Corporativa itens como:

  • Descontinuação de Sistema W;
  • Integração de Sistema X com Sistema Y;
  • Automação de Processo Z.

É fácil perceber que o retorno do investimento não está garantido através destes itens, que são na verdade projetos. É preciso apresentá-los juntamente com seus resultados esperados. Assim, uma outra maneira de apresentar o valor indireto da Arquitetura Corporativa é apresentar os benefícios trazidos por estes projetos:

  • Redução de Custos de Software através da descontinuação de Sistema W;
  • Redução de retrabalho através da Integração de Sistema X com Sistema Y;
  • Melhoria de produtividade organizacional através da automação do Processo Z.

Neste caso, o benefício é claro mas ainda não é medido. Portanto, ainda incerto para executivos.
Por que não calcular então, mesmo que de maneira simplista, estes valores indiretos trazidos pela Arquitetura Corporativa?

Vamos supor que a Descontinuação de um Sistema W, por exemplo, envolva os seguintes subprojetos:

  • Dois projetos de integração 1 e 2 (vamos chamar de PI1 e PI2): envolvendo o desenvolvimento terceirizado de dois conectores e a migração de dados. Hipoteticamente, cada projeto de integração precisaria de um analista de sistemas pleno por um período de 3 meses. Considerando o valor de $200/h e 160h mensais cada integração custaria $96 mil (3*160*200). Total: $192K;
  • Um Projeto de Adequação de Processo 1 (vamos chamar de AP1): que seria um serviço terceirizado envolvendo o treinamento dos usuários e profissionais envolvidos, além da atualização da documentação relacionada e a realização da Operação Assistida. Este projeto necessitaria de um consultor de processos pleno também de $200/h. Total: $96K;
  • Um projeto de Descontinuação Tecnológica do Sistema W (vamos chamar de DTS): envolvendo a Desinstalação do Sistema W, atualização do catálogo de aplicações, finalização de contrato, etc. Normalmente este projeto é feito pela própria equipe efetiva da organização e não serão explicitados os custos operacionais internos.

Também devemos considerar o custo de se ter uma equipe interna especializada em Arquitetura Corporativa na organização, focada em identificar e viabilizar estes projetos. Para isso, vamos considerar que será necessário um profissional: um pleno e um sênior no valor de $200/h e $300/h ($32K e $48K mensais), além de uma ferramenta de análise adequada onde a licença para os dois profissionais seja de $180K anuais, ou seja, $15K por mês. Total para manutenção da área de arquitetura corporativa: $95K mensais ($48K+$32K+$15K).

Neste caso hipotético, vamos supor que o Sistema W custe anualmente $360K. O custo de descontinuação do Sistema W ficou em $288K + custos operacionais internos do Projeto DTS. Logo, o valor de $288K investido se pagaria com 9.6 meses, através da economia de $360K no primeiro ano com a licença do Sistema W.

Ok, o projeto se mostrou viável mas a área de arquitetura gasta $95K mensais. Bom, neste cenário a área de arquitetura executou apenas um projeto no primeiro ano. A partir do segundo ano, o custo da equipe cai para $65K mensais, considerando economia de $30K mensais ($360K anuais) gerada pela descontinuação do Sistema W. Assim, seriam necessários 4 projetos no primeiro ano para que a área de arquitetura passe a ser lucrativa a partir do segundo ano (desconsiderando os valores investidos em projetos terceirizados).

E você? O que achou da nossa análise? Faria algo diferente? Com você mede o ROI da arquitetura corporativa na sua organização?

Deixe seus comentários e até a próxima!

Gabriel Chequer

Gabriel Chequer

Gabriel Chequer é bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Viçosa e Mestre em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Possui experiência na área de TI no Brasil e nos EUA em ambientes multiculturais. Tem experiência com Processos de Desenvolvimento de Software, Modelagem e Automação de Processos de Negócio, Governança de TI e Arquitetura Empresarial utilizando os modelos do MPS.Br, Cobit 4.1, ITIL v3 e TOGAF. 9.1. Trabalhou como Consultor para clientes como Petrobras, Furnas, Eletronuclear, CETIL, PMERJ e Sebrae/RJ.

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